3 DEZEMBRO 2024
18:11:54
PRÓXIMO LIVRO: SERÁ SOBRE A CRISE DO SUBPRIME DE 2008 NOS EUA
Este "site" entrou no ar em julho de 2009 e completa agora, portanto, seis anos. Na época estava no auge a crise financeira dos Estados Unidos, o "subprime". Havia um enorme risco de hiperinflação nos Estados Unidos e foi isso que nos motivou montar este "site", pois inflação é o nosso "leitmotiv": no ano 2000 publicamos na versão impressa um livro sobre a história da inflação no Brasil: "A globalização e os trinta anos de indexação no Brasil", com 319 páginas.

A partir de 2009 começamos então a escrever um novo livro, desta vez sobre a hiperinflação nos Estados Unidos. Ele chegou a ter mais de 600 páginas já prontas e íamos postá-lo aqui para "download". A crise porém foi avançando e tornando-se mais aguda. E aí, durante as pesquisas para este novo livro, acabamos descobrindo um tema diretamente ligado à raiz da crise: a irregularidade das ordens iniciáticas esotéricas. A partir disso, o foco do trabalho mudou e passou a ser descrever o que vem a ser isso. Chegamos a 5 mil páginas prontas (já somadas as 600 iniciais) para servir de introdução ao assunto já definido, mas com a conclusão ainda pendente no tocante à digitação.

Estávamos então trabalhando nestas 5 mil páginas, mas a cada dia novos abalos sísmicos ocorriam na política e nos faziam vir aqui para o "site" comentá-los. Assim foi até que finalmente se chegou à fase de marasmo, tédio e melancolia de 2014: mensaleiros soltos, STF arruinado, crise financeira em fogo brando.

Nos Estados Unidos, apesar de o desemprego ter se reduzido nas estatísticas oficiais, na realidade ele continua grande e os salários continuam baixos. São já quase dez anos de crise desde 2006, dos quais os últimos sete foram de juro zero por parte do Fed, o Banco Central dos EUA. E são sete anos também de impressão de dinheiro, SETE ANOS IMPRIMINDO DINHEIRO! O país quebrou, exatamente como a Grécia, com a diferença de que a Grécia não tem como imprimir dinheiro. A bolha imobiliária estourou em 2006 e desde então injeções de dinheiro têm sido feitas para salvar bancos do colapso no mundo inteiro. Mas em 15 de setembro de 2008 um grande banco quebrou: o Lehman Brothers. Ficou muito caro socorrê-lo. Daí em diante a crise iniciada em 2006 entrou numa fase explícita, com uma quebradeira em série de instituições financeiras. Os prejuízos com a crise imobiliária ultrapassaram o valor somado em bolsa de todos os bancos dos Estados Unidos. Foi como se todos os bancos do país tivessem quebrado ao mesmo tempo. Bilhões de dólares foram creditados eletronicamente para impedir um colapso sistêmico nos EUA e a seguir no mundo. Trilhões de dólares foram emitidos para os "bail-outs", os resgates, pois não havia dinheiro governamental suficiente para um resgate geral, o país quebrou junto com os bancos. Outro fator agravante da crise foi a enorme complexidade da matemática envolvida nas fraudes financeiras e a estúpida alavancagem dos derivativos, um enigma até para as autoridades do Fed, o Federal Reserve, o banco central. Trilhões de dólares foram emitidos também por isso, não se sabia a dimensão verdadeira do caos. O resultado foi como apagar um incêndio com gasolina. Embora a situação esteja agora sob controle para efeitos midiáticos, nos bastidores a realidade é que o colapso geral foi postergado por meio da criação de uma bolha inflacionária que serviu para azeitar ainda mais as fraudes financeiras antes em curso, produzindo-se agora um problema ainda maior, infinitamente maior, cuja dimensão real faz parecer 2008 e 1929 serem "um passeio no parque". É por esta razão que os juros permaneceram por SETE ANOS em ZERO. É uma economia em coma induzido. Se os juros subirem, ou subirem muito, as artérias do paciente explodem.

Dívida pública em 2015: USD 18,3 trilhões (USD 9,2 trilhões quando a crise começou em 2008)

PIB em 2015: USD 17,8 trilhões (USD 14 trilhões quando a crise começou em 2008)

Despesas federais anuais orçadas em 2015: USD 3,6 trilhões

Arrecadação federal de tributos em 2015: USD 3,1 trilhões (USD 2,5 trilhões quando a crise começou em 2008)

Déficit público federal corrente em 2015: USD 495 bilhões

FONTE: http://www.usdebtclock.org

Assim, em termos nominais, desde 2008 o PIB subiu 27% (o que dá um crescimento nominal de 3,5% médio ao longo de 7 anos).

Mas a receita tributária federal, em termos nominais, desde 2008, subiu só 24%.

Enquanto isso, a dívida pública desde 2008 subiu em termos nominais 99%, ou seja dobrou.

Antes, em 2008, a receita tributária federal anual representava 27% da dívida pública, ou a dívida pública representava 3,68 anos de arrecadação tributária federal.

Agora, em 2015, a receita tributária federal anual representa 16,9% da dívida pública, ou a dívida pública representa 5,9 anos de arrecadação tributária federal.

Só não foi pior porque trilhões de dólares foram impressos. Essa impressão aconteceu porque os dólares impressos na verdade são receita necessária para bancar a quebra em bloco de todo o sistema bancário americano, receita que não seria conseguida com a emissão de novos títulos de dívida pública, pois não haveria compradores por falta puramente física de pessoas em tão grande quantidade e também por falta de compradores por conta do risco que isso representaria para o investimento. Assim, a impressão de dinheiro ocorreu porque simplesmente não haveria quem pudesse bancar tantos trilhões de dólares de gasto público para recompor USD 4,4 trilhões em prejuízos efetivos que na verdade são uma base de alavancagem perdida de negócios padronizados ou derivativos que - se fosse seguida a regra de Basiléia - representaria prejuízos potenciais de até 53 trilhões de dólares, sendo que as regras de Basiléia na verdade não estavam sendo seguidas, a alavancagem máxima permitida para os negócios (12X) estava sendo burlada, havendo casos de 35X e até 100X.

Assim, o governo foi obrigado a imprimir dinheiro para salvar o setor bancário em bloco (os trilhões de prejuízos com negócios imobiliários representavam um montante superior ao valor em bolsa de todos os bancos do país somados, era na prática como se todos os bancos do país inteiro tivessem quebrado).

Houve um hiato inflacionário em 2008-09, com produtos subindo 100, 150%, enquanto que outros como os imóveis caíam 30, 40, 50%. Formou-se então uma enorme distorção na economia, produzida pela inflação gerada pela impressão de dinheiro, que fez o preço dos produtos importados subir. Nos índices oficiais, manipulados, a inflação manteve-se relativamente baixa como de costume, mas na realidade a situação vivida nos EUA em 2008-09 é algo parecido com o que aconteceu no Brasil de 2013 a 2015, na verdade até um pouco pior. E isso foi objetivado pelo governo. A idéia era mesmo produzir inflação, pois com os preços generalizados da economia subindo, os preços nominais dos imóveis em queda teriam uma pequena compensação em termos reais, ou seja, cairiam, mas não tanto.

O grande perigo desta estratégia era produzir uma inflação alta ao ponto de tornar os títulos da dívida pública a juro zero um investimento com alto nível de prejuízo, o que afastaria os investidores e levaria o país ao default da dívida pública. Essa situação aconteceu em parte. Em vez de os investidores fugirem dos títulos, eles pararam de comprar, assim como fizeram os países compradores de títulos como a China.

Mas a falta de compradores era o problema número um. Havia o problema número dois, a fuga de investidores, o que reduziria ainda mais o preços dos títulos, levando a um "efeito rebanho". Foi por conta disso que se iniciou o "quantitative easing", ou QE, no caso o QE1, o QE2, a Operação Twist e depois o QE3 ilimitado que chegou a sua fase final agora (meados de 2015) considerando-se a programação inicial. E o QE4 é um evento antevisto ainda em 2008 que ainda não começou.

Os grandes investidores começaram a fugir dos títulos da dívida pública ainda em 2006, quando o preço dos imóveis começou a cair e o economista Nouriel Roubini havia predito o colapso. Foi então que o preço do ouro começou a subir, quase quadruplicando de valor tendo em conta os níveis de meados da década de 2000 e o nível a que chegou depois da crise, beirando USD 2 mil a onça-troy.

Daí para frente o espaço para fuga dos "treasuries" (os títulos da dívida pública) começou a desaparecer, ou seja, os investidores começaram a ficar sem opções e o abandono em massa dos títulos levaria a um colapso sem precedentes. Iniciou-se o que se convenciou de "Grande recessão", mas na verdade o que se iniciou foi uma "Nova Grande Depressão", com potencial de ser infinitamente pior do que a que aconteceu em 1929.

O que se procurou evitar nos Estados Unidos desde 2008 com a impressão de dinheiro foi justamente a situação da Grécia. Se ela deixasse a zona do euro, a economia cairia no vazio, implodindo. Mesmo com a adoção da antiga moeda, o dracma, ter-se-ia uma hiperinflação por conta de todo o sistema se reiniciar a partir de um ponto de altíssima turbulência: especulação, "overshooting" cambial monstruoso, depressão econômica, altíssimo déficit público e ingovernabilidade. Esta seria a situação dos Estados Unidos a partir de 2008, não fosse a impressão de dinheiro. Essa impressão de dinheiro, o QE, na prática significa que o país "quebrou". E foi por isso tudo que houve uma forte preparação militar para a contenção de uma guerra civil interna, pois Estados confederados iriam querer se separar para escapar do caos, deixando de ser parcialmente titulares das obrigações federais, livrando-se do peso do caos.

O índice "Dow Jones Industrial" ultrapassou 18 mil pontos (em meados de 2015), o que em princípio denotaria uma pujante economia em recuperação, mas é mentira, esse alto valor foi produzido pela inflação. Essa mesma inflação é a que fez a altíssima dívida pública de USD 18 trilhões não ser tão maior em termos reais do que a dívida inicial de USD 9,2 trilhões de 2008, mas ao mesmo tempo é a mesma inflação que denuncia a gravíssima situação econômica em termos de atividade quando se toma como referência a arrecadação de tributos: os USD 3,1 trilhões de tributos federais arrecadados anualmente hoje representam no máximo a mesma coisa que os USD 2,5 trilhões de 2008, na verdade representam menos, ou seja, em termos de atividade econômica auferível por meio da arrecadação de tributos, a situação é pior do que a vivida em 2008, isto é, a economia nada cresceu desde então, apenas o valor dos ativos financeiros, da dívida e da arrecadação, tudo por conta da inflação produzida pela impressão de dinheiro, ou seja, tudo não passa de ilusão, trilhões de dólares foram emitidos ao longo de 7 anos e o país simplesmente não saiu do lugar, com a dívida pública aumentando 99% em termos nominais e a atividade econômica ficando em nível ainda inferior ao de 2008.

Assim, nenhum abalo mais pode sofrer a economia global, pois foram esgotadas as possibilidades de ação de governos e bancos centrais. Houve uma monumental manipulação do preço do ouro tempos atrás, feita pelo Fed/EUA, com a venda a descoberto de toneladas e mais toneladas de ouro, o que fez o preço artificialmente baixar de USD 2 mil a onça-troy para os atuais USD 1,1 mil (meados de 2015). Não fosse essa jogada, os EUA já teriam explodido.

A situação é que a economia global está na corda bamba, está sobre o vértice da lâmina da navalha ... Qualquer movimento e será o fim.

Não é só a dívida pública atual. Dívidas futuras como déficits previdenciários não contabilizados no presente ameaçam os Estados. Na Europa, em 2011, o BCE, Banco Central Europeu, quase jogou a toalha. Decidiu-se por um empréstimo por 3 anos aos bancos quebrados. Os três anos se passaram e chegou-se a 2014, na mesma situação, jogando-se então a toalha, com o BCE começando a comprar títulos de países, tal como fez o Fed. Chega-se à situação da Grécia (seria necessário fazer-se uma jogada de impressão de dinheiro com substituição de toda a dívida grega por títulos de 50 anos). O que tem acontecido é que a situação tem sido simplesmente postergada, assim como fez o Fed.

A impressão de dinheiro procurou evitar a decomposição da base de alavancagem de derivativos de mais de USD 100 trilhões, algo que sobrepuja a capacidade de "bail-out" de qualquer governo, mesmo o dos EUA. O capitalismo simplesmente implodiu e colocou sob ameaça de extinção Estados inteiros, colocando em xeque a própria civilização.

Este é então o assunto do próximo livro que está em preparação e que será disponibilizado aqui para download quando estiver pronto.

Não somos aqui adeptos da extrema-direita, nem da extrema-esquerda. Somos apenas adeptos do capitalismo com a condição de que seja honestamente regulado. Além disso, somos adeptos também da idéia de governo global, hoje um requisito básico para se evitar constantes turbulências econômicas que sobrepujam a capacidade de intervenção dos Estados. O governo global é uma idéia atacada por todas as frentes ideológicas, que pregam ser isso uma estratégia de dominação, o que é verdadeiro. Mas, paradoxalmente, é algo necessário tendo em conta o mundo globalizado.

Outra informação importante hoje para os leitores: este site não é petista, é anti-petista ao extremo. Mas este site também é contra o sistema oligárquico que sempre existiu e que faz com que o Estado seja uma mentira. O PT era contra isso quando começou e hoje faz parte do estamento (o "establishment") , ou seja, o PT se aliou às oligarquias e construiu o mais sólido sistema ditatorial civil já visto na história, preenchendo com corruptos todas as esferas e instâncias do Estado. O comunismo é contra o estamento oligárquico também, mas nós não somos comunistas. Defendemos apenas que a Constituição seja cumprida de maneira séria, ou seja, cargos devam ser preenchidos de forma honesta por pessoas honestas, apenas isso (que é o suficiente para o progresso e a paz social, o bem comum). Este é um problema nos EUA também, mas bem menos grave, e foi isso que levou ao caos da Enron em 2001 e ao caos de 2008: a promiscuidade entre governo e empresários.

Outra informação pertinente também é a seguinte: este trabalho é apenas um passatempo, é o que nós gostaríamos de ver, ler e ouvir na imprensa, que não existe mais no Brasil, com exceção de um ou outro site. Embora possa ser uma contribuição para que desinformados tomem consciência da situação e ajam em prol da democracia, da lei, da ordem, da autoridade, do Estado, neste quesito é um trabalho inútil. A parcela de pessoas com consciência política no Brasil não chega a 0,5% do povo, de modo que por mais sucesso que se obtenha estar-se-á falando para as paredes. Assim, as informações aqui postadas o são apenas pelo mero prazer de discutir os assuntos, destinando-se àqueles que também gostam de debater idéias. A decadência brasileira por conta da ignorância do povo já era assunto retratado no nosso livro publicado no ano 2000 (e aqui disponível para download). A situação atual é infinitamente pior, embora se repita o mantra de que o povo hoje tem mais consciência política. Isso é mentira. O povo acabou, não existe mais e faz tempo. A eleição de Lula em 2003 foi a demonstração cabal de que àquele tempo o Brasil já havia sido arruinado. Sua permanência no poder por mais de uma década mostrou isso também, mostrou como o povo foi se emburrecendo cada vez mais. Destarte, aqui a idéia é discutir os assuntos apenas por passatempo, para os poucos gatos pingados lúcidos que ainda sobraram se divertirem também.

Foi por isso tudo também que resolvemos elaborar esse próximo livro sobre a crise dos Estados Unidos. O Primeiro Mundo entrou numa fase de decadência brutal e o resultado é o que nós já conhecemos: terceiro mundo, o fim do modo de vida ocidental, com as sólidas democracias da Europa e da América do Norte transformando-se em apodrecidas civilizações em ocaso como o Brasil. Chegou-se ao século XXI, à modernidade, mas o que se vê é uma decadência medieval.
 

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